Festival de Sujeiras que Assola a Educação Brasileira

 Mais um dia. Mais um dia entediante, tendo que passar mais um ano precioso de minha vida sem cumprir meus planos. Até quando suportarei estar lá todas as manhãs? E só de chegar para eles e perguntar o porquê de tudo isso e receber respostas como - Até parece! Nós nunca repetiríamos um aluno por apenas uma matéria! Como? - Ou - Sinto muito, mas não posso falar nada, desculpe-me mesmo, sinto muito - Seriam essas as funções de professores da nossa noção brasileira? Por que o sigilo com assuntos que interessam somente a mim? Uma unidade pública de ensino... Para quem não sabe eu fui reprovado o ano passado por apenas uma matéria, matemática, no CEFET-SP quando cursava o segundo ano. A matéria era ensinada por Wania Tedeschi, não a chamarei de incompetente, pois não tenho certeza se ela foi a culpada de tudo isso e até o fim do ano ela se demonstrou muito habilidosa com a matéria que ensinava. A escola sabia que sou portador de TDAH em tratamento, inclusive a própria Wania, porém nada fizeram com isso e em uma noite dessas que estava alegre após o fim do ano letivo acabei caindo de cara no chão ao ler (reprovado) na página do CEFET.

 Enfim, o fato de eu ser portador de TDAH infere em terem me reprovado? Bom, é só conhecer o transtorno que tu poderás responder a esta pergunta. E por outro lado, alguém que estaria lendo isso se conformaria com uma reprovação por uma matéria?

http://www.tdah.org.br (Aqui as pessoas podem tirar todas as dúvidas sobre, e inclusive descobrir o por que reprovar alunos com TDAH é ilegal)

 Para que serve a reprovação? Bom, tentarei responder. Nós vamos à escola, chegamos lá cedinho, muitos vem de muito longe e tem de acordar até mesmo 04:30 da manhã (no caso de um estudante que mora em Mogi das Cruzes por exemplo) , nos obrigamos e nos obrigam a sentar sob carteiras pequenas e desconfortáveis – Quem há de negar que não são? – Nós, muitas vezes, assistimos aulas ruins ou outras muito boas que realmente nos ensinam muito ou às vezes não temos aulas. Mas para provarmos que nos esforçamos e prestamos atenção nessas aulas devemos ser avaliados pelos professores por diversos critérios escolhidos por eles mesmos, em suma PÉSSIMAS ESCOLHAS. E se caso, de acordo com as normas do CEFET, acertamos mais de 6,0 pontos na avaliação dos professores estamos de acordo com a média de aprendizado que deveríamos atingir e em conseqüência disso provando que sabemos a matéria ensinada, se não, não estamos na média correta e devemos fazer tudo de novo para aprender o que deveríamos. Até aí nenhum problema. Mas e se o aluno vem com uma média acima de 6,0 em todas as matérias e não atingi o suficiente em uma só, ela não está apto a ir para a próxima fase? Seria esta uma forma correta de avaliação? E se o aluno tem um problema de falta de concentração nesta aula e nada fizeram com ele? E se a avaliação da professora não condiz com a capacidade pessoal de um estudante? E se a pessoa possui naturalmente uma dificuldade em certa disciplina? Uma pessoa que não atingiu 6,0 necessariamente não aprendeu esta disciplina?

(Imaginem a situação, uma mulher de quarenta anos chega em uma academia de kung-fu e o instrutor se recusa a avança-la de faixa por ela não conseguir acertar um chute com a perna a 165 graus por exemplo, seria justo ela deixar de aprender novas técnicas?)

 Para todas essas perguntas existe o conselho de classe deliberativo. Que este ano, nenhuma destas perguntas pareceu importar para eles, fazendo-os cometer um pecado. Repetiram praticamente a maioria dos alunos, conheci os que deviam meio ponto, um ponto... Aí vai. O que eles ganharam com isso? Prejudicando a vida de muitos estudantes dedicados, claro que existem os não dedicados que sempre merecem aprender de novo. Mas e o sonho de poder entrar na faculdade no ano seguinte? O sonho de se formar ou até mesmo o simples fato de se ver livre da escola? Foram justas e cabíveis essas reprovações em massa de alunos? Foram válidas? O que os professores ganharam com isso? O que a escola ganhou com isso? NADA! Só destruiram, e hoje, estou COMPLETAMENTE decepcionado com esta instituição que já foi um sonho para mim e para muitos outros e para alguns ainda são. Fiquei deprimido, fiquei semanas de cama, dias eu chorei, deixei toda a minha família, amigos e namorada nublados. Tenho de fazer terapia. E tudo por quê? Não acho respostas e por mais que tente as respostas que a mim chegaram só me decepcionam e mostram o quão nada somos e o quão nada podemos fazer para mudar. Processei e processei e ninguém soube me ajudar, ninguém justificou o porquê, ninguém justificará. E vou, dia após dia para a escola, tentando... Já não sou mais feliz lá dentro e nem mais a mesma pessoa desde então, tendo de fingir um sorriso, mas não quero conversas, só me resta esperar o tempo curar isso, e o tempo não cura, o tempo traz tudo cada vez mais chato, sem graça, triste e me torna cada vez mais maduro e diferente de todo mundo lá dentro, aí já não quero mais amigos e nem descontrações, me concentro. E me pergunto por quê? Vêm um bocado de respostas e digo, não, isto não está certo. Tenho vontade de fugir, correr, mudar de escola, mas isso não mudará nada o estrago, e me pego resolvendo exercícios de P.A e P.G, só que dessa vez isso já não é novidade e agora eu sei tudo mesmo tendo consciência que não consegui ter provado para a minha querida Wania que eu sabia a matéria. Penso se as coisas tivessem sido diferentes, mas não foram, fiz o meu melhor e acho que nada diferente pude fazer, minhas notas até cresceram de 4,0 para 6,0 do primeiro ao ultimo bimestre (Tempo que descobri o meu problema e comecei a me medicar). E estou aqui, amanhã faltarei na escola, não irei só para ter aula de Ed. Física. Serão condução e paciência jogadas fora. Tenho exercícios de P.G para resolver, se me acreditasse diria – Senhor, o que fiz para merecer tudo isso? Por que me castigaste?

 Enfim, que bosta de problema com muitos outros no mundo mais sérios, mas de pouco em pouco concertamos o todo, não adianta simplesmente ignorar as diferenças. Quantos mais não sofreram por isso? Ou sofrem... Estamos falando de educação e de vidas de brasileiros em jogo, e posso afirmar COM TODA certeza, frustrações como essas destroem vidas e sujam o nome da nossa pátria e da nossa educação. Mais uma pra Febeapá senhor Stanislaw Ponte Preta.