Uma terça feira comum e obrigaram-me geniosamente a narrar São Paulo, enfatizando sua magnitude. Achei-me nocauteado ao centro da sala de aula, pessoas falando como zumbidos átonos em meus ouvidos, o quase sistema mal elaborado no espaço que me situava, as rodas em um todo giravam pelas dez da manhã, as luzes acesas, eletricidade, o barulho enlouquecedor, o sol lá fora brilhava lindamente, sendo que ao redor tudo lembrava sujeira e desordem. Nós paulistas nos alegramos perante a isto, cultura, noites boêmias, prédios, sujeiras, luzes, poluição de todos os tipos, rodas da vida, rodas e novamente a energia, milhões e milhões e trilhões de átomos, vinte e quatro horas ao dia! Por dentro gritava alegre, triste, perturbado, as duas pontas de uma faca me perfuravam garganta abaixo e acima... Tudo, uma dialética viva. Os proibidos pontos negativos me sacudiram rudemente conseguido de desespero, enquanto isso os cátions (os íons, ou pontos positivos, seja lá sua preferência) de São Paulo moviam minhas mãos a escrever absolutamente nada, nada mesmo. Sentia-me confuso, mui deprimido, fatigado, minhas costas doíam como se a dor fosse as algemas d’um inocente preso. E minhas mãos se moviam continuadamente sem nenhum compasso, como engrenagens enferrujadas em uma indústria falida.
Vivo em algo vivo, vivemos assim, realmente. E não há melhor adjetivo para isto. São Paulo é dona da nossa realidade, a vida em si, um amontoado de vida, um serrado de vida, feita de íons (os cátions e ânions – perdoem-me por toda esta química), soltos em um desenho que se assemelha àqueles contidos nas calçadas centrais. São Paulo, branco, preto, branco, preto, lixo e luxo às calçadas, tudo em cascata, lembro-me das misturas étnicas. Outra antítese com o que me deparar. Já enlouqueci há tempos. Notei-me disto sim, é verdade, faz um tempinho!
A cada segundo, elementos subatômicos cruzam-nos energicamente em São Paulo (como diz a física quântica), daquela forma que a cachoeira atinge seu alvo de queda. Só que a cachoeira paulistana não é qualquer uma, é muito maior que uma catarata, é imensa! O cálculo de energia agora é joules e joules maiores no expoente de nossa notação científica. Tudo proveniente de toda essa vida, e se temos energia temos trabalho, haja trabalho. Trabalhos de todos os tipos: de história, geografia, sociologia, dependendo da pessoa, muita filosofia, qualquer tipo de trabalho! Rápido, rápido, em um ritmo muito rápido, cheguemos ao alegro desta composição, me perco nesta magnitude e desprendo-me dos pólos opostos desta cidade e desejo correr daqui, para minha casa, lá no horto, na minha ilha tranqüila, “há milhas e milhas de qualquer lugar”, tudo é um, tudo é infinito, tudo é Tao.
“Temos” a beleza ecológica da mata atlântica, farejada e acolhida pelos nativos e “evoluída” pelos grandes e inteligentes europeus, aqui no infinito caminho, nas matas, respiro as matas, que ilusão, caros paulistanos.
Sonho, muito, que estou a correr daqui, desta prisão, saindo deste centro que estou, voando sobre prédios, sobre a marginal do denso e belo Tietê, de longe avisto o Banespa, gozo o branco do concreto que desenha o horizonte, rasgo os bairros nas alturas, tudo infinito. Corro para perto do Tremembé, fugindo deste velho truque batota chamado CEFET, muito audaz este. Olho admiradamente, como se neste sonho estivesse novamente por lá, e vejo que nada disto é sonho e sim pura realidade! Defronto com o “Parque Estadual da Cantareira”, me perco propositalmente de minha pesada mochila em um arbusto qualquer, ponho-me a me despir vagarosamente sobre a naturalidade da mata. Corro, corre sem parar, como uma pessoa avistando o mar pela primeira vez, renascendo, corria pela mata, bradando liberdade, liberdade, a paz das matas paulistas, respirava com força e preparava as minhas cinzas de Fênix em lágrimas pelo frescor puro do intocável, renasceria. Corria, saltava, nem ligava por ultrapassar o nicho de seres peçonhentos, não acreditava que estes indefesos eram peçonhentos e sim nós. Sabia o que queria, sabia o meu objetivo e me deixei levar, desta vez minha humanidade me guiou para onde queria, Pedra Grande era-o apelidado local.
Olho para o horizonte, São Paulo, meu lar enfrentava-me duramente, como um pai repreende o filho rebelde. Via tudo, cada prédio, cada rua, cada traço embaçado no horizonte que meus míopes olhos fitavam, rosnando com cabelos atmosféricos cor cinza para mim. Ser tão vivo, toda aquela vida ali, tantas coisas, tanta gente, brava gente, mentecaptos, malfeitores, nobres de espírito, tudo, o meu infinito - Sou uma célula do seu corpo São Paulo! Nesta personificação séria e mais que real para mim (juro não ser loucura minha ver São Paulo assim), travamos por horas um combate oral e espiritual, onde vencia aquele que mais vida tinha. Era eu Zeus enfrentando Cronos o titã que era São Paulo, lutava para não ser mais um de seus filhos devorados! Lutei, gritei, mas não resisti. São Paulo é muito para mim, ninguém pode com ela. Não fui devorado, dar-me-ia São Paulo, piedosamente a minha liberdade, porém tive de admitir que não fosse nada, apenas um filho revoltoso, admiti sua beleza, admiti também que aquelas matas eram suas matas, que aquilo era ela, sua beleza, e mais uma vez me achei como uma célula qualquer no meio do infinito. Grande e bela São Paulo – Tu fizeste-me aceitar-te, que assim, não precisaria ser mais engolido, forte és tu, São Paulo, dê-me a liberdade de viver em ti, como uma célula livre – Caí ao chão pedregoso, morria agora mais um filho rebelde de São Paulo, nascia outro. O meu sangue fora absorvido pelo seu solo maltratado, abracei seu solo docemente, como uma criança faz à sua pelúcia, sou todo teu São Paulo, apagava-me neste infinito novamente, porém livre e tolerante com ele, o mais forte, São Paulo.
Vivo em algo vivo, vivemos assim, realmente. E não há melhor adjetivo para isto. São Paulo é dona da nossa realidade, a vida em si, um amontoado de vida, um serrado de vida, feita de íons (os cátions e ânions – perdoem-me por toda esta química), soltos em um desenho que se assemelha àqueles contidos nas calçadas centrais. São Paulo, branco, preto, branco, preto, lixo e luxo às calçadas, tudo em cascata, lembro-me das misturas étnicas. Outra antítese com o que me deparar. Já enlouqueci há tempos. Notei-me disto sim, é verdade, faz um tempinho!
A cada segundo, elementos subatômicos cruzam-nos energicamente em São Paulo (como diz a física quântica), daquela forma que a cachoeira atinge seu alvo de queda. Só que a cachoeira paulistana não é qualquer uma, é muito maior que uma catarata, é imensa! O cálculo de energia agora é joules e joules maiores no expoente de nossa notação científica. Tudo proveniente de toda essa vida, e se temos energia temos trabalho, haja trabalho. Trabalhos de todos os tipos: de história, geografia, sociologia, dependendo da pessoa, muita filosofia, qualquer tipo de trabalho! Rápido, rápido, em um ritmo muito rápido, cheguemos ao alegro desta composição, me perco nesta magnitude e desprendo-me dos pólos opostos desta cidade e desejo correr daqui, para minha casa, lá no horto, na minha ilha tranqüila, “há milhas e milhas de qualquer lugar”, tudo é um, tudo é infinito, tudo é Tao.
“Temos” a beleza ecológica da mata atlântica, farejada e acolhida pelos nativos e “evoluída” pelos grandes e inteligentes europeus, aqui no infinito caminho, nas matas, respiro as matas, que ilusão, caros paulistanos.
Sonho, muito, que estou a correr daqui, desta prisão, saindo deste centro que estou, voando sobre prédios, sobre a marginal do denso e belo Tietê, de longe avisto o Banespa, gozo o branco do concreto que desenha o horizonte, rasgo os bairros nas alturas, tudo infinito. Corro para perto do Tremembé, fugindo deste velho truque batota chamado CEFET, muito audaz este. Olho admiradamente, como se neste sonho estivesse novamente por lá, e vejo que nada disto é sonho e sim pura realidade! Defronto com o “Parque Estadual da Cantareira”, me perco propositalmente de minha pesada mochila em um arbusto qualquer, ponho-me a me despir vagarosamente sobre a naturalidade da mata. Corro, corre sem parar, como uma pessoa avistando o mar pela primeira vez, renascendo, corria pela mata, bradando liberdade, liberdade, a paz das matas paulistas, respirava com força e preparava as minhas cinzas de Fênix em lágrimas pelo frescor puro do intocável, renasceria. Corria, saltava, nem ligava por ultrapassar o nicho de seres peçonhentos, não acreditava que estes indefesos eram peçonhentos e sim nós. Sabia o que queria, sabia o meu objetivo e me deixei levar, desta vez minha humanidade me guiou para onde queria, Pedra Grande era-o apelidado local.
Olho para o horizonte, São Paulo, meu lar enfrentava-me duramente, como um pai repreende o filho rebelde. Via tudo, cada prédio, cada rua, cada traço embaçado no horizonte que meus míopes olhos fitavam, rosnando com cabelos atmosféricos cor cinza para mim. Ser tão vivo, toda aquela vida ali, tantas coisas, tanta gente, brava gente, mentecaptos, malfeitores, nobres de espírito, tudo, o meu infinito - Sou uma célula do seu corpo São Paulo! Nesta personificação séria e mais que real para mim (juro não ser loucura minha ver São Paulo assim), travamos por horas um combate oral e espiritual, onde vencia aquele que mais vida tinha. Era eu Zeus enfrentando Cronos o titã que era São Paulo, lutava para não ser mais um de seus filhos devorados! Lutei, gritei, mas não resisti. São Paulo é muito para mim, ninguém pode com ela. Não fui devorado, dar-me-ia São Paulo, piedosamente a minha liberdade, porém tive de admitir que não fosse nada, apenas um filho revoltoso, admiti sua beleza, admiti também que aquelas matas eram suas matas, que aquilo era ela, sua beleza, e mais uma vez me achei como uma célula qualquer no meio do infinito. Grande e bela São Paulo – Tu fizeste-me aceitar-te, que assim, não precisaria ser mais engolido, forte és tu, São Paulo, dê-me a liberdade de viver em ti, como uma célula livre – Caí ao chão pedregoso, morria agora mais um filho rebelde de São Paulo, nascia outro. O meu sangue fora absorvido pelo seu solo maltratado, abracei seu solo docemente, como uma criança faz à sua pelúcia, sou todo teu São Paulo, apagava-me neste infinito novamente, porém livre e tolerante com ele, o mais forte, São Paulo.