domingo, 5 de julho de 2009

Mais um conto de Machado



Sobre o conto "Uns Braços", Machado de Assis.

O conto é escrito na terceira pessoa do singular e o narrador é, pois ele sabe de todos os detalhes da história e toda subjetividade dos personagens, onde o personagem principal é um jovem de quinze anos, chamado Inácio, que vive com agregado em uma casa na qual a Dona Severina, mulher de seu patrão, a qual ele se apaixona veemente. A história é centrada nesse amor do jovem pela mulher de seu patrão, o solicitador Borges, que dividem desejos mútuos e não conseguem assumir tal amor devido aos problemas sociais entre eles como a diferença de idade e o estado civil de Dona Severina. Dona Severina percebe os desejos do jovem quando o vide secar os seus braços nus e a partir desse momento a mulher do solicitador passa a sustentar desejos reprimidos pelo jovem virgem e inocente, tendo como essas características a sua maior atração por ele. O tempo é cronológico e pode variar para o psicológico quando o narrador muda o foco narrativo entre diferentes personagens, um exemplo, quando Dona Severina entra no quarto de Inácio no momento em que ele finge estar dormindo, na visão da personagem masculina tratada antes ele já havia percebido a movimentação da mulher, mas ao voltar para o psicológico da personagem feminina o autor descreve desde o momento de sua inquietação, a decisão de entrar no quarto de Inácio até o ponto em que ela finalmente entra em seu quarto. Tendo assim, a presença do tempo psicológico no conto. O discurso é direto. A memória é clara, tendo em vista que todos os detalhes do conto são abordados, desde números de ruas, datas, detalhes do ambiente, entre outros detalhes e ações dos personagens que são todos bem caracterizados.
Em geral nós temos um conto realista, apesar da presença do amor proibido, idealizado e platônico característico do romantismo, o conto é majoritariamente realista! Trazendo uma das mais fortes característica realistas de machado. A exploração do psicológico humano, dando ao conto o toque Freudiano que Machado comumente traz em suas obras. A exploração dos desejos sexuais, bem detalhados e caracterizados nessa obra, contrariando a perspectiva romântica que tratava o amor como algo em suma subjetivo. Coloca a mulher como algo forte, descrevendo o seu psicológico fielmente e não idealizado e machista como faziam muitos romancistas do século XIX. Explora característica do superego e das repressões sociais a certas atitudes humanas, como o próprio amor entre os personagens. Explora trabalhadores pequeno-burgueses que trabalham demasiadamente para construir uma vida. O personagem principal é taxado de malandro e vagabundo pelo seu patrão diversas vezes, mantendo ele mesmo essa característica várias vezes durante o conto quando se deita sobre a rede fitando o mar e as gaivotas quando poderia estar dando duro com seu patrão. E mais uma vez há aquela puxada do tapete que faz Machado dando o grande tom de suspenso durante todo o momento para que no final o desfecho do conto seja outro. Neste nós temos a sensação de que o amor entre os dois finalmente iria "estourar", porém Dona Severina se arrepende do que faz e depois de dias muda totalmente com o rapaz.
Concluindo, este é mais um típico conto de Machado, que acompanha a mesma tendência básico de vários de seus contos, como: A Cartomante, A Causa Secreta... Seguinte as mesmas características que formaram algo único em nossa literatura. Abrindo portas a vários escritores contemporâneos de Machado. Temos toda a genialidade deste autor em mais um conto fantástico que como todos os outros dão um importante papel em nossa literatura, fazendo com quer muitos atribuam a Machado o papel de melhor escritor brasileiro já visto, o pai de nessa literatura moderna.

Para ler este conto, como quaisquer outros, acesse o site do governo federal de distribuição de arquivos em domínio público:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp

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